terça-feira, 4 de agosto de 2009

Será boné, será chapéu... não não, é barrete!


Polícias frustrados e revoltados a atirar bonés junto da residência oficial do Primeiro-ministro, um cenário atroz, de terror jamais visto em Portugal. Uma imagem que põe ao rubro a PSP e o país, uma imagem de bandalheira, um escândalo do qual nem Portugal nem a PSP se vão conseguir livrar nos próximos séculos. Estes são alguns dos comentários de alguns oficiais da PSP, de alguns chefes organizados em associação e algumas entidades ou cidadãos que tem o privilégio de comentar tudo, sem conhecerem coisa nenhuma.

Até o Exmo. Sr. Inspector da IGAI, pela primeira vez, ergueu a voz e comparou aquela acção de arremessar os chapéus com os médicos a atirar bisturis.

Que aquela acção não seguiu as orientações é uma verdade, que não passou uma boa imagem talvez também seja verdade, mas que foi ladeada pelo ridículo de alguns dos comentários também não deixa de ser uma realidade.

Até compreendo aqueles que desconhecem a PSP e os seus. Já não compreendo alguns mas poucos, chefes e oficiais da PSP que, mais preocupados em vender moral, põem em causa a acção, o sindicalismo e a capacidade de movimentação e organização da ASPP/PSP. Os mesmos que tentam destruir o sindicalismo na PSP, que o tentam descredibilizar e que o usam de forma oportunista. Claramente, a posição destes doutos foi uma oportunidade que não desperdiçaram para “engraxar” o Ministro da Administração Interna.

Para os opinion makers que se pronunciaram sobre a acção dos Polícias, a corrupção em Portugal, os lobbies, os vencimentos de luxo que tem levado o país à ruína, os favores e os experientes em nomeações públicas para empresas do Estado sem conhecimentos na área, não é um escândalo, não é um cenário atroz. É simplesmente natural.

Para alguns oficiais e alguns chefes da PSP, poucos, as Esquadras a ruir, as condições de trabalho, as injustiças internas sem a responsabilização dos mentores, os polícias a serem agredidos e mortos em serviço, agentes amontoados em camaratas sem higiene, sem privacidade e sem segurança, não é um cenário atroz são só contingências e dificuldades naturais de uma força de segurança.

Ao Sr. Inspector da IGAI só pedimos que faça uma leitura dos documentos que temos enviado à Inspecção-Geral e seja tão audaz nas comparações sobre a quantidade de problemas de cariz socioprofissional que se têm reflectido negativamente na qualidade do trabalho da PSP, como as que fez sobre esta acção dos bonés.
Esperando assim que daqui a séculos Portugal se erga deste extraordinário escândalo, o pior dos últimos séculos.

11 comentários:

Anónimo disse...

Uma apreciação repleta de veradde e lucidez.
Os ditos doutos da verdade e que vieram apregoar a vergonha que tal acto touxe à instituição PSP, deveria também vir a palco fazê-lo pelas más condiçoes de trabalho que ali se vive. É caso para perguntar "onde pára a p..."

Anónimo disse...

Fico satisfeito pela opinião do presidente da asp, quando não fala em nome de presidente mas sim de Paulo Rodrigues.
Esse texto eu não o escrevi, mas revejo-me nele. Nunca tinha sido associado de nenhum sindicato, mas em Junho depois de ouvir o presidente da asp numa intervenção no âmbito de um protesto, não tive dúvidas, se algum sindicato me pode representar é claramente a asp. Paulo rodrigues tenha muita força para continuar com essa lucidez, eu estarei sempre ao dispor. Pedro Esteves

Anónimo disse...

Gostei,é exactamente aquilo que penso sobre o assunto. Vergonha é não lutar por uma democracia mais autêntica, vergonha é daqueles que pouco a pouco tem destruido a PSP, esses que se dizem dignos e que até nem participam em manifestações. Na minha terra chamamos-lhe COBARDOLAS. Em frente...

Anónimo disse...

Eu fui dos que lá estive e estarei sempre que for necessário. É pena alguns falarem e não saberem do que falam, mas mais grave ainda é os que falam e só estão à espera de colher os louros, sem nunca lá meterem os pés nas manifestações, só sabem criticar o sindicato, mas na hora que é preciso, ficam nas Esquadras a dar graxa. (deve de ser para a nota)R.L.Delegado Sindical da ASPP sempre ao dispor.

Anónimo disse...

Melhores condições, instalações condignas!.isso não é para quem trabalha, devem estar lembrados, da louvável e enérgica iniciativa do anterior IGAI, que encerrou alguns calabouços, que não reuniam condições para a pornoita de suas exªs. os criminosos, os polícias esses já têm levado com pedaços de této e chuva em cima e assim podem continuar,com pardieiros alugados, como se de instalações provisórias se trate alguns com renda elevada,a quem servirá esta política.

Anónimo disse...

Melhores condições, instalações condignas!.isso não é para quem trabalha, devem estar lembrados, da louvável e enérgica iniciativa do anterior IGAI, que encerrou alguns calabouços, que não reuniam condições para a pornoita de suas exªs. os criminosos, os polícias esses já têm levado com pedaços de této e chuva em cima e assim podem continuar,com pardieiros alugados, como se de instalações provisórias se trate alguns com renda elevada,a quem servirá esta política.

Anónimo disse...

Obrigado a todos eles (oficiais e chefes) por darem razão ao nosso protesto. Abraço.

Paulo Gonçalves disse...

Parabéns pelo texto, transmite exactamente a verdade, sem medos, sem preconceitos.

Se alguns senhores Oficiais e Chefes da PSP tivessem a mesma coragem, decerto estaríamos perante uma Polícia melhor, mais motivada, mais eficiente.

Realmente é frustrante ver poucos a fazer tanto, e muitos a fazer tão pouco. É frustrante ver alguns Polícias mais preocupados com a sua própria Avaliação de Serviço, com a sua carreira, do que com o combate à criminalidade.

Às vezes penso... será que esses senhores ainda se lembram que são Polícias?

Senhores Oficiais e Chefes da PSP (alguns), metam os olhos na GNR, metam os olhos nas Forças Armadas, quando saem à rua para reivindicar direitos quem mais grita é o General. Não tenham medo! Afinal de contas são Polícias!

Anónimo disse...

Parabens Paulo... Tal como outros revejo-me integralmente nas tuas palavras.Ainda bem que existem esses (poucos, muito poucos) Oficiais e Chefes, porque a excepção confirma a regra e essa é a que de facto a maioria dos Polícias luta pelos seus (de todos, inclusive esses poucos) direitos...
Sem plágio, "Um por todos e todos por um"
Um abraço
Rui Coimbra

Rui Silva disse...

Não vou aqui discutir o mérito da causa, porque julgo que, independentemente de se estar de acordo ou não com a acção, certamente todos partilhamos o seu objectivo. Gostaria contudo de fazer um pequeno reparo, se é que tal me é permitido, quanto ao sentido do texto ao extratificar a luta. Pertenço à classe de Chefes e de facto existem críticos na minha classe quanto ao acto retratado no texto. Mas também é verdade que o existem na classe de Agentes e tal não deve ser branqueado, nem tão pouco deve ser valorizado um Sindicato (refiro-me ao de chefes e oficiais), quando este, pela sua expressão, não tem representatividade. Meus senhores os interesses dos Sr.s Agentes, são seguramente os mesmos dos Chefes e dos Oficiais, com as devidas particularidades que cada classe contem, mas todos queremos uma Polícia melhor.

António Loura disse...

Quem sai do silêncio para bradar acusações e apontar o dedo a quem se rebela por melhores condições de trabalho, melhores condições socio-profissionais e tem inclusive em mente a Segurança do Cidadão, como pano de fundo na sua acção, esses sim, dão efectivamente um tiro no pé. Sobretudo porque não se lhes reconhecem acções relevantes para dar o seu contributo nesta matéria. É facil falar quando se está à sombra da bananeira. O nosso papel, independentemente de concordarmos ou não com aquela forma de protesto, não é julgar, mas sim captar o sentido Filosófico daquela atitude. Os polícias que infelizmente actuaram daquela forma, muitos deles com anos e anos de trabalho nesta casa, fizeram-no certamente em sinal de desespero por ninguém os ouvir e como forma de demonstração da frustração que sentem, quer pelo modo como têm vindo a ser tratados, quer pelas fracas perspectivas que se lhes afiguram.
António Loura.