terça-feira, 4 de novembro de 2008

“As Instituições valem pelas atitudes dos seus profissionais… às vezes é uma pena”


Que existem diferendos entre os profissionais das várias forças e serviços de segurança, é um facto. Talvez por excesso de brio, por receio de perder o estatuto ou simplesmente pela resistência à mudança, quantas vezes em prejuízo da segurança pública e do cidadão. Apesar de não se compreender, ainda se pode tolerar.

Mas, que existam profissionais que para salvar a sua quintarola coloquem tudo em causa, o trabalho, a imagem e dignidade de outras Instituições ou pessoas, isso já é pura irresponsabilidade.

Em Janeiro do corrente ano, terminava um curso de quase 100 guardas prisionais, no Estabelecimento Prisional de Sta Cruz do Bispo – Matosinhos, onde entre as diversas disciplinas era ministrada uma cujo conteúdo programático tinha por base Estratégia de Negociação com Sequestradores ou Barricados.

O profissional convidado a ministrar essa importante disciplina era, nem mais nem menos, que um profissional da PJ que possui, segundo consta, também ele um curso de negociação.

Mas, mais que ministrar essa disciplina, o profissional referido revelou uma enorme apetência para denegrir a PSP e os seus profissionais, a sua competência e imagem, perante a quase centena de profissionais completamente abstraídas da realidade do funcionamento das forças e serviços de segurança, e nos verdadeiros intentos do (ir)responsavel, acreditando cabalmente na informação que estava a ser transmitida pelo formador.

Desde comentários jocosos, mentirosos e irresponsaveis não faltou nada para pôr em causa todos os profissionais da PSP e o seu trabalho, profissionais estes que quantas vezes arriscam a própria vida, durante meses, na recolha de informações que têm servido para a PJ terminar grandes serviços com pompa e circustância.

Como é evidente, entre os comentários, a autovalorização exacerbada ia tomando forma, convencendo facilmente os alunos que o seguiam com toda a atenção, de estarem perante um excelente profissional da Polícia Judiciária, contrariamente à opinião dos seus colegas de serviço.
Os exemplos de fracos resultados obtidos pela PSP nas negociações eram, segundo ele, devido à burrice e aos camelos dos profissionais da PSP.

Mas o animal em causa foi mais longe quando referiu que a culpa do descrédito das forças de segurança por parte dos cidadãos se devia aos elementos da PSP. Todos nós conhecemos bem o nosso trabalho (sem me referir aos dos outros), as dificuldades e até o esforço para cumprir a missão para o bem da comunidade e isso também é revelador de competência.

A Polícia Judiciária tem durante vários anos trabalhado para credibilizar a Instituição, o que, com o tempo, lhe deu dignidade e estatuto, orientando-se por valores como a Legalidade, Oportunidade, Justiça e Imparcialidade, Proporcionalidade e Integridade, mas não basta ter os valores bem escritos, é necessário sobretudo praticá-los, e não é com estas guerras de oportunismo ou má fé, reveladoras de falta de formação, que a PJ sai a ganhar.

Não tento com tudo isto vincar ainda mais o conflito, bem pelo contrário, mas é importante que os profissionais das diversas forças e serviços de segurança se preocupem em manter o equilibrio das relações institucionais e profissionais, para o bem de todos, inclusivamente daqueles que cada vez mais precisam da nossa atenção: os cidadãos.

E isto também é intregridade, justiça, legalidade e sobretudo responsabilidade.

6 comentários:

Anónimo disse...

Nunca compreendi muito bem a sobranceria que existe entre os vários OPCs , e mesmo aquela que acontece no interior das próprias instituições, entre as várias especialidades. Será que esta gente toda, que quer transmitir uma imagem de sapiência e esperteza, mas que na verdade só demonstra uma capacidade enorme para maldizer e apontar críticas destrutivas ao trabalho dos outros, não percebe que somos todos uns meros peões, para quem nos tutela?
Critiquem sim e lutem todos para melhorar as condições de trabalho e incrementar a dignidade dos polícias. Esses laivos de protagonismo e auto gabarolice bacoca que parecem ser intrínsecos da nossa história como povo e que teimam em não arredar da nossa sociedade, são completamente desnecessários nas nossas instituições.
Numa coisa não tenho dúvida. Temos de ser nós polícias, a considerar-nos e respeitar -nos reciprocamente, compreendendo as nossas eventuais falhas ou limitações, porque não me parece que mais alguém o faça.

Anónimo disse...

BEM VINDO e boas escritas!

Anónimo disse...

Desde já os meus parabens pelo Blog, estás em grande, continua. Uma grande liderança, só se faz com grandes lideres e tu estas no caminho certo. referente a este assunto não merece comentários no texto está tudo dito. continua.

Anónimo disse...

O tema que nos é trazido, não é novo, diria até que é bastante antigo, mas o que é certo é que se mantêm actual. Não é pois dificil de o classificar como um assunto estrutural, que tem atingido os seus picos de tensão sempre entre a PSP e a PJ, se calhar por ser o filho que se envergonha do pai (atente-se à origem da pj).
Esta fricção, que espaçadamente tem momentos de acalmia, tem (na minha opinião) vindo-se a agravar nos últimos anos. Explicações? Existirão várias certamente e eu não as conheço todos, nem possuo o alcance necessário que me permita uma visão tão periférica pelo que, ficarei somente por algo que considero central.
Em 2000 surgiram as distribuições de competências, até então exclusivas, pelos outros OPC's, falo em concreto da investigação criminal. Mas afinal o que é que isso representa? Um novo conhecimento? Sim. Um espírito crítico? Certamente que sim. Mas acima de tudo esta alteração legislativa teve o condão de trazer algo que se revelou bem mais importante, que consiste tão somente nos termos de comparação (que até à data não existiam). Permitiu-nos descobrir que afinal, aquela que era a melhor polícia do mundo, no fundo não era melhor do que nós. Tinham era instrumentos de trabalho (buscas; vigilâncias; escutas; etc..etc...) que até então nos estavam vedados.
Depois, bem depois os crimes de homícidio (o marido mata a mulher e o amante; o vizinho mata o outro vizinho por causa das águas) cuja taxa de sucesso era elevadíssima, começou a cair por terra quando surgiram os chamados homícidios profissionais. Nem aquela genialidade política de, num mero acto administrativo ter equiparado todos os funcionários de investigação criminal a licenciados (posto de inspector) mesmo aqueles com habilitações literários iguais aos agentes da PSP 11º ano, resolveu o probema. Trouxe-lhes mais arrogância é certo, mas serviu igualmente para espicaçar aqueles que executando as mesmas tarefas e repito executando as mesmas tarefas, mas com metade do vencimento, trabalha-sem da forma que sempre o fizeram - dedicada e humildemente - cujos resultados são patentes.
Tudo isto e muito mais que se pode dissertar, redundam numa só coisa, ninguém gosta de ver o seu poleiro ameaçado...

Anónimo disse...

Boas caros colegas.

Acerca deste assunto só me leva a pensar que afinal não somos só nos que estamos servidos de maus elementos, ao que a PJ, também tem a sua parte, ( desculpem o termo) jumentos.
Estes pseudo inteligentes com responsabilidades, onde cada palavra sua pode significar muito ainda não se apercebeu, que graças ao patrulheiro que todos os dias dá a cara por esta instituição é um dos elementos mais importantes dos serviços deles.
Ainda me lembro que no outro dia, chegaram ao meu departamento com um mandado de detenção para um individuo, emanado porque a PJ tinha varias vigílias, e os elementos tiveram que ir com um PATRULHEIRO, para que esse, um grande policia que conhece a sua área de serviço, lhe dissese quem era o individuo que procuravam.
Mas não faz mal, pois nós os patrulheiros desta policia que não temos qualquer vergonha, mas sim orgulho na farda que vestimos, havemos de estar aqui para os auxiliar sempre que necessário.

Bem ajam todos os elementos desta Policia

Anónimo disse...

Caro amigo e colega de profissão obrigado por ainda acreditáres! Já temos tanto de história e tampouco de evolução. Longe deveriam ir os tempos em que o policia tivesse medo, mas não! Para mostrar a nossa raiva, o nosso descontemtamento, os nossos receios, etc. temos que nos socorrer desses que tanto nos ajudam como nos desacreditam, estou a falar, é claro, dos jornalistas. Mas porquê vendados ou então com voz distorcida? Porquê esse medo se combaremos os bandidos da pior espécie? A liberdade de expressão só chegou para os jornalistas, para o cidadão, para o bandido??? Temo o pior para nós. Vejo muita gente a abandonar o barco porque somos o parente pobre desta nação que lembra mais rápido contra-ordenação a que foi sujeito do que aos furtos que se previne diariamente, aos bens que são recuperados, aos sacanas que são detidos, ás mortes ou agressões de que somos vitimas. Para acabar peço que me desculpes alguns erros ortográficos ou de construção sintáctica pois o governo preocupa-se mais com Showoff do que a verdadeira preparação da nossa qualidade profissional. Terá ele uma NOVA OPORTUNALIDADE para nós? Aquele abraço.